Os ícones desempenham um papel na forma como pensamos
Os ícones são uma forma de comunicação e, devido à sua forma gráfica simplificada, podem até ser a única linguagem ao redor que todos entendem. Os ícones têm uma variedade de usos – em sites, aplicativos, material de marketing, como placas de porta, sinais de trânsito, etc. – o que significa que eles nos cercam e mediam nossas interações com outras pessoas, com nosso ambiente e com empresas e seus produtos.
Da mesma forma que a linguagem falada, os ícones disponíveis definem o tipo de mensagens que podemos enviar por meio deles. Para ilustrar isso, podemos tomar o exemplo de aprender um novo idioma. Provavelmente, a maioria de nós que não é falante nativo de inglês estava na situação de querer dizer algo em inglês, mas simplesmente não encontrou as palavras certas para expressá-lo. Ao mesmo tempo, idiomas diferentes têm vocabulários para se referir a sentimentos ou situações em que talvez nunca tenhamos pensado em nossa língua nativa, muito provavelmente porque podem não ter as palavras. A influência da nossa linguagem pode ir até o ponto de determinar a forma como pensamos, segundo a pesquisadora Lera Boroditsky em seu artigo How Language Shapes Thought .
Devido a este importante papel que os ícones desempenham na comunicação e a maneira como a linguagem afeta a forma como pensamos, os designers de ícones são colocados em uma posição poderosa para influenciar a conversa humana global. Quando os ícones disponíveis para nós se limitam a idéias estereotipadas sobre, digamos, como um gerente ou médico se parece, as pessoas que não se enquadram no estereótipo são deixadas de fora deste diálogo global. Por exemplo, se todos os ícones “médico” ou “empresário” disponíveis retratam um homem de pele branca, então se torna difícil para todos nós imaginar que alguém de uma cor de pele ou sexo diferente poderia ser capaz de fazer o mesmo trabalho. Alternativamente, se as empresas usarem ícones de pessoas de pele branca em sua comunicação com os clientes, grupos de consumidores não brancos podem se sentir excluídos da economia.
Quando os ícones disponíveis para nós se limitam a idéias estereotipadas sobre, digamos, como um gerente ou médico se parece, as pessoas que não se enquadram no estereótipo são deixadas de fora deste diálogo global.
A falta de diversidade na iconografia
No Iconfinder, ícones estereotipados são encontrados tanto entre os ícones gratuitos quanto entre os premium. Por exemplo, às vezes vemos ícones exclusivamente masculinos para “médico” ou “empresário” ou apenas ícones femininos para “enfermeira”. Para ilustrar este ponto, vamos dar uma olhada em algumas pesquisas e os resultados disponíveis.
Entre os principais resultados da pesquisa por “médico”, vemos predominantemente ícones masculinos.
Ao mesmo tempo, entre os principais resultados da pesquisa por “enfermeira”, a maioria dos ícones representa uma mulher (branca).
Ao examinar os principais resultados da pesquisa por “pessoa de negócios”, observamos que a maioria dos ícones é do sexo masculino.
As muitas dimensões da diversidade
Diversidade é o termo que usamos para nos referir a um grupo que inclui pessoas de vários gêneros, idades, cores de pele, etnias, religiões, orientações sexuais, culturas, etc. A ideia de diversidade nos convida a limpar nossas cabeças de quaisquer estereótipos que possamos ter sobre pessoas. Há muitas mulheres trabalhando como médicas ou gerentes de negócios e muitos homens trabalhando como enfermeiras. Diversidade significa, portanto, manter a mente aberta sobre que tipo de pessoa pode fazer quais tipos de trabalho e, especialmente, sobre reconhecer as diferenças entre os humanos e celebrá-las.
No mundo do design de ícones, a diversidade é tão importante quanto o apelo estético ou a qualidade do design, mas costuma ser esquecida. Alguns clientes já apontaram a falta de diversidade entre os ícones no Iconfinder. Esses clientes muitas vezes procuram avatares, onde a oferta de ícones consiste, novamente, principalmente em pessoas de pele branca. Isso indica claramente que há uma grande oportunidade para adicionar ícones mais diversos, visto que a demanda por eles está aumentando e sua oferta é baixa.
Diversidade significa manter a mente aberta sobre que tipo de pessoa pode fazer quais tipos de trabalho e, especialmente, sobre reconhecer as diferenças entre os humanos e celebrá-las.
Além das profissões, outra forma de pensar a diversidade e inclusão é em torno das principais festas sazonais. Por exemplo, há muita procura de ícones de Natal, já que o Natal é uma das principais festas nos países cristãos. No entanto, a incorporação de elementos religiosos em ícones relacionados a feriados pode deixar de fora dois clientes em potencial. Primeiro, há muitas pessoas que celebram o Natal, mas o fazem por causa da tradição e não por causa da religião. Para eles, o Natal é baseado em costumes centenários e pode ter diferentes significados: para alguns, é para alegrar os meses frios de inverno, para outros é a comida, as reuniões familiares, presentes e assim por diante.
O segundo tipo de cliente são empresas. Quando as empresas usam esses ícones para fins comerciais, geralmente evitam ícones associados a religião. Por exemplo, os ícones que representam “menino Jesus”, “a cruz”, “Virgem Maria” ou “o anjo” são de fato relacionados ao Natal, mas não são adequados para fins comerciais, pois não atraem clientes que não celebram o Natal por motivos religiosos. A título de exemplo, o conjunto abaixo está lindamente desenhado, mas contém elementos religiosos (a menorá, o menino Jesus e a manjedoura) que podem torná-lo menos interessante aos olhos de alguns clientes.
Trazendo diversidade para ícones
No entanto, existem alguns exemplos em que a diversidade é bem incorporada ao design de ícones. Para ilustrar o que queremos dizer com ícones diversos, procuramos alguns conjuntos de ícones que consideramos um bom exemplo de diversidade. Por exemplo, os avatares abaixo representam pessoas de diferentes cores de pele, gêneros, profissões, etnias, religiões e idades.
Outro exemplo é este conjunto contendo avatares de mulheres de diferentes profissões.
Para o Natal, pode ser neve, trenó, a árvore decorada, velas, patinação, etc.
Aqui está um bom exemplo de um conjunto de Natal sem elementos religiosos:
Diversidade significa personalização?
Conforme mencionado antes, os ícones devem ser simplificados e genéricos para que possam ser facilmente reconhecidos – mesmo em tamanhos pequenos. Portanto, não é contra-intuitivo falar sobre diversidade de ícones? Não necessariamente. Criar ícones diversos não significa ter que personalizá-los para as características específicas de cada pessoa como, por exemplo, penteado ou formato do nariz. Em vez disso, um ícone pode representar um determinado grupo de pessoas e ainda permanecer simplificado e reconhecível.
Que tal ir totalmente genérico?
Em vez de desenhar ícones mais detalhados, o problema da diversidade poderia ser evitado por ícones tão genéricos quanto possível? Em outras palavras, os ícones de contorno e glifo resolveriam o problema? Vejamos alguns exemplos.
O ícone abaixo representa um executivo. É claramente um homem, mas não faz referência a mais nada. No entanto, detalhes como o tipo de cabelo podem indicar que a pessoa provavelmente não tem cabelos negros.
Finalmente, a solução para incluir todos nós, seres humanos diversos, poderia ser através do ícone simplificado abaixo? Tornar o ícone completamente impessoal, removendo todos os detalhes, pode definitivamente ser uma solução fácil, já que nenhum ser humano poderia ficar de fora.
Mas, o mais importante, refletir sobre como queremos projetar uma linguagem que todos entendam.
Queremos uma representação impessoal de um ser humano para todos nós ou, em vez disso, queremos ícones que representam todos os tipos de seres humanos?
